sábado, abril 08, 2006

Retratos - o meu e o dela.

Ela. Como a descrever? É mais nova que eu. A diferença em anos não é grande, mas a diferença em vivência é bastante. Gostava de ter sido como ela. Aquilo que vivi fez-me ser desconfiada muito cedo. Ela não. Ela é inocente. Não desconfia - tem medo, mas não desconfia nunca. Vive num mundo em que eu gostava de ter vivido - é a miúda que eu gostava de ter sido, mas não fui. Porquê não sei. Não sei se foi por força das circunstâncias ou se simplesmente não estava na minha natureza. Aquela rebeldia é fruto de uma enorme confiança no mundo. Eu também tinha (e ainda tenho, afinal sou apenas um pouco mais velha) uma rebeldia aparentemente semelhante - as causas é que são completamente diferentes.
Tem um sorriso sincero e inocente. Quem me dera ter ainda um sorriso assim! Há quanto tempo o perdi? Ela (felizmente) não conhece ainda o sorriso de arrogância e ironia de que eu por vezes sou capaz (infelizmente). Por isso a fotografei. Queria guardar aquele sorriso para sempre, queria perpetuar uma época que inevitavelmente acabará um dia.

Sorrisos sinceros como aquele são o bilhete de entrada para o céu.