terça-feira, novembro 29, 2005

Batalha nocturna

É no silencio do quarto adormecido e esquecido que travamos as piores e mais importantes batalhas.
O pensamento aparentemente morto até então acorda subitamente, quando estamos prestes a adormecer com ele. Da então início à sua brincadeira predilecta, transtornar.
Embora sintamos a cabeça mais cansada que nunca, pensamentos sucessivos inundam-nos lentamente o ser, como uma torneira a pingar gota a gota para um copo vazio. Sentimo-las todas, a cair e a perfurar ligeiramente o copo, a espalhar vibrações sonoras até aos cantos mais isolados da mente.
Cada pensamento inunda um pouco mais o vazio que eramos, a dor aprofunda-se com cada batida do coração, com cada gota, com cada lembrança. Lembramos tudo, julgamos tudo, sofremos tudo, da tia alberta à formiga que de manha injustamente pisámos, as batidas fazem-se soar, espalham-se pelo corpo desgastado, as gotas caem mais ruídosamente, como se alguém ali estivesse a abrir a torneira excessivamente devagar, como forma de tortura.
O copo enche até ao topo, a dor torna-se insuportável, sabemos que mais uma gota e tudo transbordará, toda aquela raiva protegida por uma camada generosa de aparencias vai explodir num berro agoniante.
E no instante em que a ultima gota poisa na água, no ansiado final...
Ninguém sabe o que aconteceu, porque no momento a seguir, o despertador toca, são 7:00, e o mundo está à porta, esperando que a abramos.

João

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Também podem existir outros finais :D
As vezes esses pensamentos são tão agoniantes e entediantes que acabamos simplesmente por adormecer, e entrar num mundo onde eles não conseguem entrar.
(as tantas tavas a flr disto msm e eu n percebi, vi-m demais no texto ^^ ou então é só mesmo do sono...)

bj ********************** :)

1:01 da manhã  

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