terça-feira, março 07, 2006

Insónias Paranóicas

No decorrer de mais uma insónia carregada de algoritmos sem nexo, típica de dias em que, em vão, me deito as 21:30 para tentar dormir umas boas 10 horas e acordar fresquinho (nunca funciona, às 23:00 ja estou disperto que nem uma gata em dia de cio), os dedos percorreram o caminho do quarto até às arestas do teclado para nelas tentar encontrar a resposta à geral paranóia que afecta qualquer um de vós (nós), e que muitos outros dedos certamente ja tentaram encontrar, escusado será dizer, sem exito.
A paranóia é a razão por que ficamos obcecados pelo sorriso de uma rapariga que nem sequer conhecemos, ou por que de repente nos esquecemos se se escreve "pelo" ou "pe-lo", e temos de ir ao dicionario, timida e vergonhosamente, confirmar o que acabámos de escrever, ou por que de vez em quando nos esquecemos de ligar o esquentador antes de ir tomar banho, quando o fazemos todos os dias, ou por que continuamos a fumar a merda dos cigarros sabendo que não serve para nada, ou até por que, depois de passar por ele todos os dias, numa chuvosa quinta-feira la nos apercebemos que a sua vida é uma merda, e lhe damos os trocos que acomulam mofo no bolso do casaco. A paranóia é aquele bichinho com vida própria escondido nos confins da nossa existência que nos leva a fazer coisas sem sentido aparente, e a imaginar que há qualquer coisa nesta vida e neste mundo, qualquer conspiração, que por muito que tentemos nunca nos aproximaremos sequer do seu significado. Ela é o que nos diferencia, é o que nos separa de máquinas, é o livre-arbitrio do nosso consciente que vai contra a nossa própria vontade, é aquilo que não serve para nada, e sem o qual não servimos nós para nada.
Paranoia é o que nos leva a levantar à 1a da manha sem saber bem porquê, e acabar a escrever algo como isto.

(Já agora, abençoado o momento em que me resolvi levantar do calor da cama, descobri a 5 minutos que tenho as propinas 2 dias em atraso, e a inscrição congelada)

João