domingo, maio 21, 2006

Poema da Noite (1)

Perdidos
A fumar cigarros
Debaixo de candeeiros de rua
A noite está calma
Tão estranhamente calma
Apetece-me gritar-te
Mas de qualquer forma
Nunca irias ouvir
Não olharias para trás sequer
Pois sou agora
Uma sombra do teu passado.
Uma sombra,
Nada mais.

Não tocarei mais àquela campainha,
Já não sou capaz...
O meu pedacinho de céu
É agora um incómodo inferno.
Foram apagadas
Quaisquer boas memórias
E resta agora o silêncio
Esse silêncio devastador
Daqueles que tiveram que calar
Tudo aquilo que
Tiveram para dizer um dia
Mas que engoliram e amarraram
Emoções e palavras
Pois não eram
(Nunca foram, nunca seriam)
Apropriadas.

Sentada na estátua
Fumo mais um cigarro
E espero que um dia
Ganhes coragem de fazer
Todas as perguntas
Que não conseguiste formular.


Maria S.C.