sexta-feira, abril 28, 2006

Notícia do dia - a miúda atropelada

Tinha oito anos e morreu ontem atropelada por um taxista na Avenida de Ceuta, em Lisboa. Rafaela atravessou junto aos semáforos em direcção à Quinta do Cabrinha, onde os avós têm um café. Antes de chegar ao outro lado do passeio foi apanhada por um táxi que circulava no corredor BUS.
(...)

Pergunto-me se ela se terá esquecido ou ignorado um daqueles e-mails de corrente (aqueles que dizem que nos acontecem coisas más se não enviarmos a 976539 milhões de pessoas em 0,01 segundos).
Com todo o respeito pela menina, que descanse em paz. Mas será que nunca ninguém lhe ensinou para que servem as passadeiras aéreas (existentes nessa avenida)?


Framboise

Esperança na esperança dos outros

-Do chicken's wish they could fly ?
-I don't know.. do they ?
-I like to think they do..
-Yeah, me too..

Scrubs, season 4

João

La vita è bella

Se parlate il mio nome, sparisco. Che cosa sono io?

Silenzio.

(Se disseres o meu nome, desapareço, quem sou eu? Silêncio.)

Daqui.

João

Se o amanhã fosse diferente

Porque a autora deste texto não tem blog, mas gosta de escrever. Não me importei de lhe reservar este pequeno espacinho :)

Framboise

Se o amanhã fosse diferente
Hoje teria acordado com um sorriso
Acendia o cigarro mais tarde
E deixava a tristeza para depois

Mas nada muda
Nunca nada muda
Meses no mesmo lugar
E não consigo ir embora

Se o amanhã fosse diferente
Acendia o cigarro mais tarde

Se o amanhã fosse diferente
Não estaria hoje a desfazer-me
Vês esses pedaços de mim no chão?
Não estariam ali
Se o amanhã não fosse igual
Tão igual.

Se o amanhã fosse diferente
Acendia o cigarro mais tarde
(Muito mais tarde)

Maria S. C.

quarta-feira, abril 26, 2006

Patologias

Tenho os olhos mal dispostos, como se tivesse andado a vomitar com eles, e estivessem agora naquela fase em que ja se consegue comer qualquer coisa, apesar do enjoo.
É de considerar que estive a dormir a sesta, e a primeira coisa para onde olhei ao acordar foi uma novela da tvi, mas essa não é de todo a mensagem que quero transmitir, so queria mesmo falar da estranha sensação que é ter os olhos doentes.

João

segunda-feira, abril 24, 2006

We never needed more than this.

(Imagem retirada de: http://rcarmo.deviantart.com/)

I just can't stay here every yesterday...

(The Cure - A Letter to Elise)



Framboise

Home sweet home

-O que é a nossa casa?
-A nossa casa...? É aquele sitio para onde todos os caminhos são a descer.

João

domingo, abril 23, 2006

Assim falava Framboise...

Amo aqueles que admitem os seus defeitos, pois são humildes.
Amo aqueles que admitem as suas virtudes, pois também esses são humildes.
Amo aqueles que juntam todas as suas vitórias e as apostam naquilo que acreditam, pois são corajosos.
Amo aqueles que vivem da forma que escolheram, especialmente fora dos padrões sociais. Só esses serão felizes um dia.
Amo os artistas, pois só a arte é sincera, e só eles se tornam transparentes perante os homens.
Amo aqueles que perderam a esperança e mesmo assim continuam, pois só esses poderão ser agradavelmente surpreendidos.
Amo os impulsivos, pois só esses escutam os seus mais secretos desejos e os concretizam.
Amo os narcisistas pois escolhem carregar o único fardo que realmente suportam, que são eles próprios.
Amo os monges na sua clausura e os eremitas na sua solidão, pois só eles têm verdadeira coragem para se conhecerem.
Amo os loucos pois só eles falam com o coração.
Amo os viajantes que partem à aventura para o desconhecido pois só eles sabem aceitar e conviver com o medo.
Amo aqueles que, apesar de terem falhado, não perdem a esperança e a guardam religiosamente por ser a única coisa que lhes resta.
Amo aqueles que enlouqueceram por amor pois só eles conhecem a mais nobre forma de entrega.

Framboise
(23/04/06 às 18.38 no 'Il Café di Roma', entre bolos de chocolate, cafés e cigarros, depois de ler um pouco de Assim falava Zaratustra de F. Nietzsche)

Há metafísica bastante em não pensar em nada

É talvez o último dia da minha vida.
Saudei o sol, levantando a mão direita,
Mas não o saudei, dizendo-lhe adeus,
Fiz sinal de gostar de o ver antes: mais nada.

Alberto Caeiro


Como é possível que com apenas um humilde e glorioso gesto se consiga condensar toda uma utopia.
Como é possível achar-se apenas um prolongar da natureza, um artífice da existência, um ser por ser, estar por estar, e conseguir sorrir a essa mesma natureza.
Como é possível olhar a chuva e os trovões, lamber os lábios para apanhar um resto do sabor dessa água, cheirar a terra durante a chuva, e sentir essa mesma chuva a acordar cada milimetro da nossa pele, só para nos relembrar que ele ainda lá esta, como é possível fazer tudo isto, e não pensar na sua essência, como é possível Faze-lo apenas ?
Como, caro Alberto ?

João.

sábado, abril 22, 2006

'Não'

-Achas que eu tenho dificuldades em ouvir um 'não'?
-"-Vamos ao Chiado?
-Não.
-Buaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahuahh"
-Okay, acho que tens razão. Mas eu simplesmente não gosto de me contentar com pouco.
-És um pouco mimada, não?
-Não. Sou apenas obsessiva.


Framboise

Quotation

"Let's never come here again because it will never be as much fun."
Charlotte em 'Lost In Translation'


(ou como cantava o Rui Veloso, 'nunca voltes ao lugaaaar, onde já foste feliiiiz')

Framboise

quinta-feira, abril 20, 2006

Diálogos matinais

-De que tens medo ?
-De não sair do mesmo lugar.
-E o medo de vir a saber que nada disto é um sonho ?
-Estou bem mentalizada do que é a minha realidade.
-Não creio que fiques parada, as vezes basta um tropeção para dar um passo em frente.
-E calares-te com as balelas filosóficas ?
-É do sono..

quarta-feira, abril 19, 2006

Ainda é cedo

-Ainda é cedo..
-Não é cedo, o sol é que está com preguiça de se por.
-Então, como é o sol que dita as regras aqui, é cedo.
-Ele não ditou as regras.. está so atrasado !
-Quando o patrão chega as 09:10, alguém o repreende ?
-Depende...
-Do quê ?
-Das horas a que o sol se levantou.
-...

segunda-feira, abril 17, 2006

Guerras inconscientes

Descobri que ser "eu" passa bastante pelo combate entre os valores que vão na minha consciencia e os que ainda estão no inconsciente. A batalha entre a criança que resta e o adulto que se alastra.
O estranho está no ter a consciência disso e não o conseguir domar na mesma.

João

domingo, abril 16, 2006

Ignorância.

Nunca chorei um rio por ninguém. Nunca chorei sequer um copo de água, e não me atrevo a dizer que tenha chorado uma colher de chá, porque isso não me lembro.
Mas posso com toda a certeza dizer que não sei chorar.

João

Cry me a river

Now you say you're sorry
For bein' so untrue
Well, you can cry me a river, cry me a river
I cried a river over you

Julie London - Cry me a river
( ali ------------------- > )

PS: Andei de ferias, santa pascoa.

João

Lisboa


Hoje esta cidade grita por ti.


Framboise©2006

sábado, abril 15, 2006

Hoje houve alguém que me disse: 'Gosto de ti'. Sem maldade. De forma tão simples e tão sincera que até me espantou, vindo de quem veio.


Há muito tempo que não me diziam isso.

Framboise

quinta-feira, abril 13, 2006

O contrabaixo.

Todos os dias ela fazia o mesmo. Saía do seu emprego no banco (bem remunerado, mas sem qualquer interesse) e metia-se no metro (porque era mais rápido do que ir de carro). No metro não olhava para ninguém e ninguém olhava para ela (ninguém se olha no metro). Saía do metro e sentava-se n'"A Brasileira" a beber um café e a comer qualquer coisa, sem que sentisse qualquer sabor. Depois entrava no seu apartamento na Rua Serpa Pinto e descalçava os sapatos que deixava num sítio qualquer, punha uma música qualquer (daquelas vazias e sem emoção), e lia o jornal, só para ter tema de conversa no banco, pois as notícias não a emocionavam. Às vezes ia à janela e olhava para as pessoas lá fora. Mal distinguia as cores, via tudo tão cinzento, tão desprovido de vida. Da janela ia para o sofá e via uma série cómica qualquer, sem que lhe desse qualquer vontade de rir (quanto mais de sorrir).

Até que um dia começou a ouvir um contrabaixo no andar de cima. Quem seria? Um músico conhecido? Um jovem estudante? A sua rotina mudou completamente. Entrava no apartamento e descalçava-se descontraidamente, enchia um copo com bom whiskey (que começou a aprender a saborear) e sentava-se no sofá. Não ia à janela nem abria o jornal, ficava ali sentada, de copo na mão, a ouvir a música que vinha do andar de cima. De vez em quando o contrabaixo parava e repetia algum compasso mais teimoso ou arranhava algum ornamento mais difícil. Ela começou, as poucos, a dar mais atenção a tudo à sua volta. E começou a sentir outra vez. A música daquele contrabaixo despertou-a de um longo sono que tinha durado muito tempo e lhe tinha tornado os dias cinzentos. A música daquele contrabaixo, com toda a sua emoção, com todas as suas imperfeições (tão humanas), fê-la voltar à vida, devagarinho.O contrabaixo destruiu-lhe os dias cinzentos.

Um dia, no elevador, viu um homem com um contrabaixo às costas. O contrabaixo era maior que ele. Como é que aquele instrumento grotesco podia emitir uma melodia tão bela?
Ela procurou a emoção das músicas que ouvia no rosto, nos olhos do homem. Mas aqueles olhos verdes eram frios como gelo. Indiferentes ao mundo. Sem um pingo de emoção.

Também o contrabaixista procurava algo que lhe destruísse os dias cinzentos.

Framboise

Eu gostava de escrever assim...

Porque eu gostava de escrever assim.

a velhota sentou-se e tocou saxofone. os mendigos calaram-se e os pequenos deliquentes fizeram coro. As putas dançaram inocentes outra vez e os chulos descansaram. as ruas foram seguras por uma noite e os diabretes anjos. Os suicidas sorriram para a lua e os mortos cantaram nas campas. a pobreza dancou no teatro e a riqueza na praia. a velhota chorou as sua mágoas e desfez-se de toda a esperança. afogou-se no rio com a madrugada clara nos cabelos igualmente alvos...

Bernardete Silva [http://www.hi5.com/friend/profile/displayGallery.do?userid=33384167&pic=3]


Framboise

Oxygen


Como se sentiriam se fossem enterrados vivos?...


Framboise

Alguns quadros não precisam de moldura

Natalie Portman
"Remember remember the 5th of November"
V for Vendetta

João

quarta-feira, abril 12, 2006

50cent no Super Bock Super Rock

O 50cent VEM AO SBSR!! Mas não só: Pharrell, Patrice, Boss AC e outros também lá estarão.

Então mas não é suposto ser um festival de rock?! Viva a publicidade enganosa!!
(Já agora, porquê 50 cêntimos? Homenagem aos dias em que vivia de um café por dia??)

Lag

Foi capturado um tubarão na costa da Figueira da Foz.
Não sei bem o que ele andava lá a fazer, mas alguém lhe devia dizer que o Santana já não trabalha lá.

João

Realidade desprezável

Tenho saudades tuas, mas não tenho saudades de ti.
Ter saudades tuas quer apenas dizer que tenho saudades de quem gosto de pensar que tu és. Saudades de ti implica-te físicamente. Implíca o teu olhar, implíca olhar-te, implíca realidade.
Tenho apenas saudades tuas.

João

terça-feira, abril 11, 2006

Globalização

Há quem pense estar em posse de um certo (estranho) estatuto por não saber fazer algo que 99% das pessoas sabem fazer.
Por exemplo, tenho um amigo que não sabe andar de bicicleta, e que além de não ter problemas em gritá-lo aos 7 ventos, tem ainda um certo orgulho nisso, como se fosse especial por ser diferente da maioria.
Percebo a razão do orgulho, mas eu não sei comer com garfo e faca, e só recentemente aprendi a correr, e foi porque queria engatar uma rapariga que joga ténis, e não é por isso que me sinto importante, até porque me fartava de perder autocarros. Já por outro lado sou um excelente nadador, tenho é medo de água, especialmente quando está fria.
Também me irrita um pouco quem diz que não sabe cozinhar, como se o simples facto de aprender a cozinhar os tornasse povo rude e suado.
Aprender não custa nada, e os estatutos há muito que ruiram numa sociedade supostamente global.
Talvez seja por isso, ou seja, que por todos se sentirem iguais é que chegam ao desespero de procurar o carisma na precaridade.

João

Os jovens Lisboetas são assim...

[Não todos. Mas muitos.]

Taxa de Popularidade = Nº de visitas e comentários no Hi5.

ou

Serem modelos, irem ao LOFT, ao Paradise Garage e a todas as festas.

(e parece que os agentes de casting pensam que eu quero essa vida...já são duas vezes que me abordam.)

Framboise

domingo, abril 09, 2006

ADORO-TE! [ou devia dizer adoruh.t??]

Qual é a panca que as pessoas têm agora de dizer 'adoro-te' e 'gosto de ti' a toda a gente?? Às vezes a pessoas que mal conhecem...
Esta onda de afecto seria interessante se fosse sincera. Ou se estivessem todos sob efeito de ecstasy, mas a era dos hippies ja passou. Dizer 'adoro-te' no fim de uma mensagem ou comentario agora é o equivalente a dizer 'beijinhos'.

Temos pena.


Framboise

sábado, abril 08, 2006

Retratos - o meu e o dela.

Ela. Como a descrever? É mais nova que eu. A diferença em anos não é grande, mas a diferença em vivência é bastante. Gostava de ter sido como ela. Aquilo que vivi fez-me ser desconfiada muito cedo. Ela não. Ela é inocente. Não desconfia - tem medo, mas não desconfia nunca. Vive num mundo em que eu gostava de ter vivido - é a miúda que eu gostava de ter sido, mas não fui. Porquê não sei. Não sei se foi por força das circunstâncias ou se simplesmente não estava na minha natureza. Aquela rebeldia é fruto de uma enorme confiança no mundo. Eu também tinha (e ainda tenho, afinal sou apenas um pouco mais velha) uma rebeldia aparentemente semelhante - as causas é que são completamente diferentes.
Tem um sorriso sincero e inocente. Quem me dera ter ainda um sorriso assim! Há quanto tempo o perdi? Ela (felizmente) não conhece ainda o sorriso de arrogância e ironia de que eu por vezes sou capaz (infelizmente). Por isso a fotografei. Queria guardar aquele sorriso para sempre, queria perpetuar uma época que inevitavelmente acabará um dia.

Sorrisos sinceros como aquele são o bilhete de entrada para o céu.

Limpar o coração.

SMS de Framboise para João às tantas da manhã:
'Porra, não consigo dormir. Como é que se limpa o coração?'

Resposta de João:
'Não se limpa o que está no coração, arruma-se, recicla-se, esconde-se debaixo do armário, atira-se para a arrecadação, etc, mas nunca se elimina.'

(digam lá que o rapaz não é um poeta? :P )

Framboise

sexta-feira, abril 07, 2006

Activistas

E enquanto ele se queixava do tempo, ela ia comprar roupa para a estação.

João

Honestly ?

Não é impossivel que esta espiral de tentações seja algo mais que acomulação de pó.
Não é impossível que este saltear de capítulos seja apenas uma disfarçada sesta.
Também não é impossivel que o cambalear nuvesco e ventoso não se torne pose.

Nada disto é impossível, é porem, pouco provável.

João

quinta-feira, abril 06, 2006

Lista Telefónica III

Às vezes é ao contrário, apagamos primeiro o número de alguém da nossa lista telefónica numa tentativa de mostrar que acabou, de 'expulsar' alguém da nossa vida, mesmo que esse alguém lá continue.

Framboise

Lista telefónica (2)

So gostava de um espelho para ver a minha cara quando corria a lista e passei pelo "Avó telemóvel".
Ela morreu à uns meses.

João

Lista telefónica (1)

O momento em que assumimos que já não vamos ter qualquer tipo de conversa com alguém no futuro, ou que essa pessoa simplesmente nunca esteve ou já nao faz parte no nosso interesse é quando estamos a rever a lista telefónica do telémovel e apagamos o seu número.
Se há um adeus final, so pode ser esse.
Hoje apaguei praí uns 15.

João

quarta-feira, abril 05, 2006

Precious

Enquanto escrevo isto, são exactamente 1 hora, 2 minutos, 3 segundos, mês 4, dia 5, ano 06.

João

RTP

Reacção quando vi que estava a dar algo de qualidade num horário nobre na estação de televisão pública portuguesa:

Fui a cozinha e dei pulos de alegria enquanto ninguem via. Depois bebi um copo de leite e fui ver a minha serie.

A RTP está a cair na cultura, finalmente.

João

terça-feira, abril 04, 2006

Simples II

Respondendo à pergunta que o João fez num post abaixo chamado simples, e que creio aliás já lhe ter respondido por SMS:

O melhor compositor é aquele que chega ao coração das pessoas. Independentemente dos meios que utiliza.



Framboise

segunda-feira, abril 03, 2006

It still hurts.


Framboise (© 2006)

domingo, abril 02, 2006

Arrasto 2 (seguro)

Rosca social,
Parafuso,
Material caído em
Desuso.

Sem vergonha,
Esconde.
Fala e
Não responde.

Corresponde
Ao longe que
Não quer.

Sentado,
Inclinado e falhado,
Sem nexo,
Reflexo de colher.
Invertido.

Falsa leitura,
Plágio ambulante.

Delirante, perdura.
E no estendal
Do Rés-do-chão
Se pendura.

Com medo.

João